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Mercado Municipal comemora 60 anos unindo tradição e inovação

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CURITIBA – “Quando cheguei aqui, só éramos nós, a linha do trem e o pasto para gado leiteiro onde hoje é a Rodoferroviária.” Os primeiros anos do local são lembrados, como se fossem ontem, pelo comerciante Osvaldo Cardoso, de 91 anos. Ao seu lado, ouvindo atentamente, está um dos colegas mais novos, o feirante Eliton Ceccon, de 21 anos. Em comum, o elegante senhor e o jovem conectado têm o orgulho de trabalhar no Mercado Municipal, espaço da Prefeitura que completa 60 anos nesta-quinta feira (2/8) e, como poucos locais, une a tradição e a constante busca por inovação.

Programa obrigatório para curitibanos e para quem visita a capital, o Mercado Municipal recebe, anualmente, 3,3 milhões de pessoas em busca de hortifrutigranjeiros, cereais, carnes, peixes, especiarias e pratos de todas as partes do mundo. O espaço, administrado pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Smab), ocupa uma área de 16,8 mil metros quadrados e reúne 362 unidades comerciais, entre boxes e bancas, comandados por 196 comerciantes, que vendem mais de 72 mil itens.

Construído entre 1956 e 1958, o mercado foi projetado por um jovem engenheiro na época, o ex-prefeito de Curitiba Saul Raiz, e a construção foi autorizada, em 1954, pelo então prefeito do município, o ex-governador Ney Braga (1917-2000). “Cheguei a Curitiba, vindo do interior do Paraná, no mesmo ano em que começou a construção. Logo me falaram que a Prefeitura estava erguendo um Mercado Municipal no meio do mato, em um banhado”, recorda o barbeiro Chiguenobu Yochida, de 82 anos, outro veterano do local, inaugurado em 2 de agosto de 1958. Seu Antônio, como é mais conhecido, começou a trabalhar no espaço dois anos depois da abertura e, para a tristeza das gerações de clientes, pretende se aposentar no fim deste mês.

Já Osvaldo Cardoso, que lembra como se fosse hoje do gado leiteiro pastando na Rodoferroviária, garante que continua firme e forte em sua banca de cereais, apesar dos problemas na coluna, decorrentes dos vários anos carregando sacos de alimentos nos ombros.  De acordo com ele, a idade avançada jamais o impediria de manter a mesma rotina há 58 anos. “Eu faço questão de atender a freguesia, ajudar a repor os produtos e fazer controle do estoque”, enumera ele.

Transformações

“São décadas de história e de vidas que se entrelaçam neste tradicional estabelecimento, ligando frequentadores, permissionários e trabalhadores”, destaca o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Luiz Gusi. Ele lembra que, em 60 anos de existência, o Mercado Municipal passou por reformas e ampliações. “De 2008 a 2011, por exemplo, o mercado ganhou o setor de orgânicos, referência nacional, uma área de eventos com anfiteatro, a nova entrada da Avenida Sete de Setembro, a ampliação da praça de alimentação e salas de manipulação de alimentos, as primeiras do mundo em um mercado”, completa ele, que na época era diretor da Smab e foi responsável pelas obras.

Mario Shiguemitu Yamasaki, presidente Associação dos Comerciantes Estabelecidos no Mercado Municipal de Curitiba (Ascesme), reforça que as reformas feitas no espaço, durante as seis décadas, tiveram como objetivo melhorar ainda mais os serviços oferecidos para um público cada vez mais exigente. “O perfil do consumidor mudou. Hoje, há muitos jovens, sem falar nas gerações de famílias que continuam a procurar nossos serviços. Além disso, os clientes passaram a exigir mais qualidade nos produtos e no atendimento”, justifica Yamasaki.

Desde os nove anos, Eliton Ceccon, hoje com 21 anos, frequenta o Mercado Municipal. Inicialmente, o então garoto só acompanhava a mãe, Eliane Perin Ceccon, que há 12 anos comanda a banca de orgânicos da família.  “Então, fui tomando gosto e, aos poucos, passei ajudar tanto na banca como em nosso sítio em Colombo, onde cultivamos as hortaliças vendidas diariamente”, recorda ele.

Atualmente, Eliton divide com a mãe o comando da banca dos Ceccon no Mercado Municipal e começa a imprimir sua marca no negócio da família, com um olhar voltado à inovação. “Criamos uma lista de clientes no Whatsapp, que agora podem fazer pedidos pela manhã, quando tudo chega fresco, e buscar à tarde. Além disso, já temos o nosso perfil no Instagram para divulgarmos os produtos”, conta ele, que representa a nova geração de comerciantes do tradicional espaço da Prefeitura .

 


 

Cinco curiosidades sobre o Mercado Municipal:

– A primeira sede ficava na atual Praça Zacarias e surgiu em 1860. Naquela época, o espaço era popularmente chamado de Mercado dos Quartinhos. A segunda “casa” foi construída no Largo da Cadeia, atual Praça Generoso Marques, em 1874. Em 1914, essa sede foi demolida para dar lugar ao Paço Municipal. Então, o mercado funcionou no Batel, de 1915 a 1937, quando foi demolido. Ele ficava onde é hoje a Praça Theodoro Bayma. Só em 1943, o urbanista francês Alfred Agache apresentou o Plano Agache, que propôs a construção de um novo Mercado Municipal, na sede atual. As obras começaram em 1956 e o local foi inaugurado em 1958.

– O Mercado Municipal tem entradas pelas ruas da Paz e General Carneiro e avenidas Sete de Setembro e Presidente Affonso Camargo. No total, há 17 acessos distribuídos em seus quatro lados e dois andares.

– O Mercado Municipal conta com o primeiro Setor de Orgânicos do Brasil, inaugurado em 2009, com ampla oferta de produtos livres de agrotóxicos e aditivos químicos, além de um restaurante, um café e uma lanchonete.

– Os frequentadores do Mercado Municipal podem conferir pratos nos inúmeros restaurantes que são referências gastronômicas de Curitiba. Entre os visitantes frequentes estão chefs de cozinha renomados e personalidades, como o jogador de vôlei Giba e a atriz Letícia Sabatella. Neste mês, o mercado será destaque no programa Mais Você, da Rede Globo. (Foto: Valdecir Galor/SMCS)

 

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Setor de serviços cresceu 8,5% no 1º bimestre de 2024; turismo teve alta de 2,1%

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As empresas paranaenses ligadas ao setor de prestação de serviços tiveram um crescimento de 8,5% no volume de suas atividades nos dois primeiros meses de 2024 em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho do Paraná ficou bem acima da média nacional, que foi de 3,3%, e consta nos resultados da mais recente Pesquisa Mensal de Serviços ,divulgada na sexta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No acumulado dos últimos 12 meses analisados, o crescimento registrado para o segmento em nível estadual é de 10,9%, o maior do Sul do País. No mesmo recorte de tempo as empresas catarinenses tiveram uma variação positiva de 8,1% no volume das suas atividades, enquanto as gaúchas registraram uma alta de 3,8%. Na média nacional, houve crescimento de 2,2%.

Os dados do levantamento também apontam uma alta de 6,3% no volume de serviços no Paraná em fevereiro quando comparado ao mesmo mês de 2023. O índice é mais do que o dobro do Brasil neste comparativo, que foi de 2,5%.

Todos os segmentos analisados pelo IBGE tiveram resultado positivo no Paraná no acumulado do 1º bimestre. Os serviços prestados a família aumentaram 3,5% em relação a janeiro e fevereiro de 2023. Os serviços profissionais, administrativos e complementares cresceram 5,9% no mesmo período, enquanto os transportes, serviços auxiliares e correio variaram 9,4%.

As maiores altas, no entanto, aconteceram nas empresas que prestam serviços de informação e comunicação (10,6%) e outros serviços (10,8%).

TURISMO – Analisado de forma separada pelo IBGE, o setor de Turismo também dá mostras de que continua aquecido no Paraná. Entre janeiro e fevereiro, o setor teve alta de 0,5% nas atividades, em um movimento contrário ao nacional, que caiu 0,8% neste intervalo de tempo. Apenas cinco estados registraram variação mensal positiva.

No ano, as atividades turísticas acumulam 2,1% de crescimento quando comparadas ao primeiro bimestre de 2023. O resultado foi o melhor do Sul do Brasil, à frente de Santa Catarina (1,3%) e do Rio Grande do Sul (-4,8%), e sete vezes maior do que a média nacional (0,3%). O aumento também se refletiu na melhora do caixa das empresas do ramo, que viram a sua receita ser ampliada em 10% no primeiro bimestre de 2024.

ECONOMIA DINÂMICA – Os resultado do segmento de serviços e do turismo acompanham uma tendência que já havia sido comprovada pelas mais recentes pesquisas do IBGE em relação a outros setores da economia estadual. No 1º bimestre, o crescimento das indústrias instaladas no Paraná foi de 4%, enquanto o comércio acumula uma alta de 6,9% nos dois primeiros meses de 2024, demonstrando o dinamismo da economia paranaense. (AEN/Foto: Gilson Abreu)

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Estado retoma revitalização da Orla de Matinhos entre Praia Grande e Flórida

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O Governo do Estado retomou na terça-feira (16) as obras de revitalização da Orla de Matinhos no trecho de aproximadamente 600 metros entre os balneários de Praia Grande e Flórida. A nova mobilização do canteiro de obras, com a recontratação de operários e equipamentos, tem investimento estimado de R$ 250 mil. O aporte total para a conclusão da área será de R$ 3,5 milhões, com prazo estipulado de 90 dias.

A reestruturação urbanística do local estava sendo discutida desde dezembro de 2022, após pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas uma decisão da 11ª Vara Federal de Curitiba permitiu a continuidade da intervenção, inclusive com parecer favorável do Ministério Público Federal (MPF).

Com isso, o Instituto Água e Terra (IAT) e o Consórcio Sambaqui, grupo de empresas responsável pelas obras, vencedor da licitação pública, puderam dar prosseguimento ao processo de urbanização do local, com a construção de calçadas, ciclovias, pistas de caminhada e sinalização horizontal e vertical, entre outras benfeitorias.

“Apesar de a decisão ter saído em fevereiro, precisávamos mobilizar novamente a equipe. Agora, com a permissão por parte da Justiça, podemos seguir com a urbanização, construção de calçadas, ciclovia, pista de caminhada e sinalização. Uma vitória da população de Matinhos e do Paraná”, destacou o diretor-presidente do IAT, Everton Souza.

Coordenador do projeto e diretor de Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos do IAT, José Luiz Scroccaro reforçou a importância de dar prosseguimos ao trecho final da revitalização da orla de Matinhos. “Uma obra inacabada é um grande problema para todos, fica com cara de uma área abandonada, por isso é um momento especial”, disse.

ANIMAÇÃO – A instalação do canteiro de obras e a volta dos operários, tratores e máquinas animaram os moradores dos balneários. Muitos deles participaram de ações para a retomada da construção.

“Era o que a população e os turistas queriam: a recuperação deste trecho que estava esquecido. Eu participei das mobilizações e tenho certeza que influenciou nesta tomada de decisão pela liberação por parte da Justiça”, afirmou o comerciante Samaroni Pereira, morador do balneário Flórida e ativista dentro da associação local de surfe.

“Ia ficar muito esquisito com esse pedaço sem fazer. A obra como um todo ficou excelente. Antigamente andávamos por aqui e precisávamos ficar desviando de carros e pedras, não havia calçamento”, completou o aposentado Jones Leandro Turrissi, que reside no balneário Riviera. (AEN/Foto: Roberto Dziura Jr)

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Licenciamentos ambientais: verão atraiu R$ 115 milhões em investimentos no Litoral

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Além da fiscalização ambiental, com a aplicação de R$ 2 milhões por crimes contra a natureza, o Instituto Água e Terra (IAT) emitiu 72 licenciamentos para instalação de novos empreendimentos no Litoral do Paraná durante a temporada 2023-2024 de verão – a estação termina oficialmente nesta quarta-feira (20).

Juntos, os anúncios privados para a construção de novas edificações, plantas industriais, usinas de geração hidrelétrica e postos de combustível, entre outros, além das obras públicas, como desassoreamento de rios por parte da Sanepar e a revitalização da região de molhes em Pontal do Paraná, resultaram em um investimento de R$ 115.104.588,05. A estimativa aponta para a geração direta de 200 postos de trabalho.

Somente a empresa Catallini Terminais Marítimos S.A investirá R$ 90 milhões na expansão da planta de Paranaguá. Outros R$ 2,6 milhões serão aplicados pela Cacatu SPE Ltda. em uma central geradora hidrelétrica em Antonina. Já a injeção financeira no setor imobiliário de Guaratuba será de R$ 3 milhões por parte da empresa MCE Participações Ltda, especializada em instalações industriais, galpões, centros de distribuição e condomínios industriais.

“Trabalhamos em diversas áreas do licenciamento durante todo o verão, desde atividades poluidoras, investimentos imobiliários, obras de utilidade pública e autorizações florestais. A dedicação de todos fez com que as liberações saíssem do papel”, afirma a engenheira química do Escritório Regional do IAT no Litoral, Luísa Serenato.

OBRAS PÚBLICAS – Em relação às ações públicas, a Sanepar destinou pouco mais de R$ 8 milhões para o desassoreamento do Rio das Pombas, responsável pelo abastecimento de água em Matinhos e Pontal do Paraná. Também em Pontal, o IAT emitiu a Licença Prévia (LP) para revitalização de parte da orla, na região dos molhes. O investimento é de R$ 11 milhões. “São obras importantes e que frequentemente são pedidas pela população. Quando essas manutenções não são feitas, as cidades litorâneas sofrem muito”, explica a engenheira química.

Para dar conta dos pedidos por autorização ambiental, o escritório regional do IAT em Paranaguá foi encorpado com o empréstimo temporário de 80 servidores dos demais núcleos do IAT no Estado. “No caso dos licenciamentos, partimos para forças-tarefas, com a dedicação exclusiva de boa parte dessas pessoas”, destaca o gerente do escritório do IAT no Litoral, Altamir Hacke.

ECONOMIA – Diretor-presidente do Instituto Água e Terra, Everton Souza afirma que os investimentos confirmam o bom momento da economia do Paraná, um dos maiores geradores de empregos com carteira assinada no País – apenas em janeiro deste ano foram criadas mais de 20 mil vagas formais no Estado. “Reforça o acerto das medidas tomadas pelo governador Ratinho Junior, que aliou a qualidade ambiental ao desenvolvimento econômico e social”.

Souza ressalta que o Estado trata o Litoral como prioridade, fazendo com que a região recebesse o maior volume de investimentos públicos da história. Cita como exemplo os R$ 354,4 milhões destinados para a primeira fase da recuperação da Orla de Matinhos, obra com índice de execução superior a 93%, além dos projetos para a construção da ponte que vai ligar Matinhos a Guaratuba, em fase de licenciamento pelo órgão ambiental, e a canalização e duplicação da Avenida JK, em Matinhos.

Ele também destacou as ações do Verão Maior Paraná, que geraram um incremento de R$ 107,6 milhões no PIB com 4 milhões de visitantes. Segundo o Ipardes, também houve um aumento de R$ 6 milhões na arrecadação de ICMS no período. (Foto: Roberto Dziura Jr/AEN)

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