Agronegócio

Safra de grãos 21/22 no Paraná pode chegar a 36,9 milhões de toneladas, aponta Deral

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O volume produzido pelos agricultores paranaenses na safra de grãos 2021/2022 pode somar 36,86 milhões de toneladas em uma área de 10,9 milhões de hectares, segundo relatório mensal divulgado nesta quinta-feira (26) pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). Se confirmado, o volume representa um aumento de 10% em relação à safra 2020/2021, que foi bastante afetada pelo clima.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, destaca que, em que pese os problemas climáticos, como frio, granizo e seca em alguns locais, o Paraná mantém a estimativa de uma boa safra de milho safrinha, estimada em 16 milhões de toneladas. “Essa produção é importante para estabelecer um bom nível de oferta no Brasil, equilibrar os preços e também exportar”, diz.

Com relação à soja, o ciclo foi concluído com 12 milhões de toneladas, quebra de 43% em relação à estimativa inicial.

O relatório deste mês ainda não mostra impactos significativos das geadas das últimas semanas nas lavouras, apenas problemas pontuais em regiões mais frias do Estado que cultivam feijão e milho, explica o chefe do Deral, Marcelo Garrido. “Num primeiro momento, não temos reflexos generalizados. Só será possível avaliar a situação com mais exatidão no momento da colheita”, aponta.

MILHO SEGUNDA SAFRA – O relatório do Deral indica aumento de 9% na área plantada de milho na comparação com a safra anterior, somando 2,7 milhões de hectares. Essa área deve gerar produção de 16 milhões de toneladas – 180% maior comparativamente ao ciclo 20/21, que havia sido prejudicado pelas condições climáticas.

O Norte do Paraná é a região que mais plantou milho nesta segunda safra, segundo o analista do Deral, Edmar Gervásio. Foram 981 mil hectares, representando 36% do total. Já a região Oeste tem 817 mil hectares (30%). As condições de lavoura apresentam-se boas para 84% da área, 14% têm condição mediana e apenas 2% estão ruins. Em relação às fases das lavouras, 14% estão na final, 59% em frutificação e 27% divididos nas demais fases.

Os preços sofreram uma redução de 10% comparativamente ao ano passado. Na última semana, os produtores paranaenses receberam, em média, R$ 82,69 pela saca de 60 kg. Gervásio explica que esse cenário refletiu no abastecimento e inclusive nos preços da carne suína no varejo no primeiro quadrimestre deste ano, que também reduziram. “Provavelmente isso se deve ao custo menor do milho para o produtor, já que o grão é elemento fundamental na cadeia de proteínas animais”, destaca.

FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – As condições climáticas da última semana estão favorecendo a colheita de feijão, que atingiu 39% da área nesta semana. O restante deverá se prolongar durante a primeira quinzena de junho, segundo o economista Methodio Groxko.

O Paraná cultivou nesta safra uma área de 303 mil hectares, 11% superior à de 2021, quando foram cultivados 272,3 mil hectares. A colheita está mais adiantada nos núcleos regionais de Guarapuava, que tem 38% da área colhida; Irati (60%); Pato Branco (50%) e Ponta Grossa (60%).

Na segunda safra, ao contrário de outros anos, os produtores paranaenses apostaram mais no feijão tipo preto. Assim, a menor oferta de feijão tipo cores provocou aumento nos preços recebidos pelos produtores nos últimos 15 dias. Já o feijão-preto sofreu uma considerável queda e chegou ao patamar mais baixo no mesmo período.

Na última semana, o produtor recebeu, em média, R$ 410,00/sc de 60 kg pelo feijão-carioca, aumento de 22% frente ao período anterior, e R$ 208,00/sc de 60 kg pelo feijão tipo preto, com aumento de 1% comparativamente à semana passada. “Com o avanço da colheita e o aumento da oferta de ambos os tipos, os agentes de comercialização observam que o consumidor final começa a migrar para o feijão-preto. Essa pequena alteração no consumo já freou a subida do feijão-carioca e, ao mesmo tempo, estagnou a redução dos preços do feijão-preto”, explica Groxko.

Espera-se a produção de 601,9 mil toneladas de feijão no Paraná, 110% mais do que no ano passado, quando o Estado teve uma safra prejudicada pela seca e as geadas, quando foram colhidas 286 mil toneladas.

TRIGO – Aproximadamente 53% da área de trigo no Paraná está semeada. Grande parte dos municípios do Norte do Estado concluíram o plantio, confirmando uma redução média de área de praticamente 10% na região, em função da concorrência com o milho. A região Oeste também está com a semeadura avançada e vivenciou situação semelhante, com uma retração de área ainda mais expressiva, superior a 20%.

“A partir de agora, os trabalhos devem se intensificar nas regiões mais frias, Sul e Sudoeste, onde a frequência das geadas inibe a presença de uma segunda safra de milho e, consequentemente, o trigo deve ter um aumento superior a 5% na área a ser plantada”, explica o agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, essa expectativa de incremento não é suficiente para compensar as retrações observadas em outras regiões, e a área tritícola paranaense deve recuar 4% com relação à safra passada, de 1,22 milhão para 1,17 milhão de hectares.

De acordo com o agrônomo, em função das lavouras não terem atingido as fases reprodutivas, as geadas da semana anterior não foram prejudiciais. Assim, a expectativa de produção permanece em 3,9 milhões de toneladas, volume 21% superior ao obtido em 2021, quando a seca prejudicou as lavouras e foram colhidas 3,2 milhões de toneladas.

Os triticultores paranaenses receberam, em média, R$ 100,00 pela saca de 60 kg na última semana, valor 18% superior ao que recebiam no ano passado. Com preços em patamares altos e chuvas nos momentos ideais para o desenvolvimento do cereal, os produtores têm expectativa de uma safra positiva, ainda que a alta nos custos de produção – especialmente nos fertilizantes – possa gerar preocupação.

MANDIOCA – Os números do Deral indicam redução na oferta de mandioca no Paraná. Para esta safra, a expectativa é de que sejam produzidos 2,87 milhões de toneladas em uma área de 130 mil hectares. O volume é 6% menor do que na safra 20/21, enquanto a área é 3% menor. As regiões de Paranavaí e Umuarama, principais produtoras, representam, juntas, 65% da produção estadual.

Já os preços estão aquecidos. Os produtores estão recebendo, em média, R$ 751,00 pela tonelada de mandioca posta na indústria, um aumento de 60% comparativamente ao mesmo período do ano passado, quando recebiam R$ 469,00. Esse valor é satisfatório para os agricultores, embora o custo de produção tenha subido significativamente. A qualidade do produto também apresentou melhora, segundo o economista Methodio Groxko.

(Foto: José Fernando Ogura/AEN)

Agronegócio

Maior produtor de alimentos do Paraná, Toledo vai contar com unidade da Embrapa

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Com o pensamento em suprir suas necessidades de médio e longo prazo, Toledo busca parcerias para contar com o que há de melhor para seu território. Focada neste objetivo, após um longo trabalho, a administração municipal e demais parceiros colhem mais um fruto desse empenho. Em reunião realizada em Brasília nesta quarta-feira (06), uma comitiva liderada pelo prefeito Beto Lunitti e composta por empresários, lideranças da sociedade organizada e demais integrantes foi informada sobre a instalação de uma Unidade Mista de Pesquisa e Inovação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Toledo.

A notícia veio pelo presidente da entidade, Celso Moretti, e foi comemorada pelos toledanos presentes na audiência e também pelo deputado federal e presidente da Frente Parlamentar da Agricultura, Sérgio Souza. Conforme o prefeito Beto Lunitti, as pesquisas desenvolvidas na unidade darão ênfase à suinocultura, avicultura e piscicultura. “São áreas de destaque dentro da nossa produção agropecuária e que com certeza serão potencializadas”, disse o prefeito Beto Lunitti.

O gestor municipal destacou a importância do momento e agradeceu aos diversos atores envolvidos com a conquista. “Trata-se de um momento ímpar, um esforço de meses em conjunto com a Secretaria do Agronegócio, de Inovação, Turismo e Desenvolvimento Econômico, comandada pelo Diego Bonaldo, com total empenho do gabinete do deputado federal Sérgio Souza. É uma conquista possibilitada por diversos atores”. 

Ainda em sua fala, Lunitti destacou a participação das lideranças toledanas, em especial do empresário Luiz Donaduzzi. “Uma coisa se conecta à outra, a pesquisa no ambiente apropriado [Biopark] e novas frentes que podem se estabelecer, como o aproveitamento dos conhecimento da [Indústria Farmacêutica] Prati-Donaduzzi na produção de medicamentos e abrir possibilidades para o desenvolvimento de uma linha de medicamentos uso veterinário”. 

O presidente e fundador do Biopark, Luiz Donaduzzi, que também estava na Capital Federal, ressalta que a vinda da Embrapa para o Biopark amplia as possibilidades de desenvolver produtos para os agricultores, bem como para as cooperativas da Região, que é um polo do agronegócio do País. “Teremos produtos direcionados ao campo, com utilização imediata na melhoria da produtividade e da sanidade animal. Temos também a possibilidade de trazer professores, pesquisadores, cursos de grandes universidades e empresas relacionadas com o agronegócio”, explicou.

A partir de agora, acontecerão as tratativas das partes operacionais relacionadas à implantação da unidade. Para dar suporte ao trabalho da Embrapa, o Biopark vai implantar um Living Lab. “A vinda da Embrapa para o Biopark é realmente um sonho, que hoje se torna realidade. Estamos muito felizes e sabemos que de agora pra frente temos mais trabalho e muito mais responsabilidade também”, comemora Luiz Donaduzzi.

Comitiva – A audiência contou com a presença do deputado federal Sérgio Souza, dos presidentes do Biopark, Luiz Donaduzzi; da Prati-Donaduzzi, Eder Maffissoni; do Programa Oeste em Desenvolvimento, Rainer Zielasko; da associação Comercial e Empresarial de Toledo, Anaide Holzbach de Araújo; e do Sindicato Rural de Toledo, Nélson Gaffuri; além do secretário do Agronegócio, de Inovação, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Diego Bonaldo. (Foto: Assessoria/SCPMT)

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Agronegócio

Certificação de orgânicos exige mudança na conduta do produtor em cuidados ambientais

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Deixar de usar agrotóxicos em um cultivo não é o suficiente para que ele seja considerado orgânico. Mais do que isso, o agricultor precisa adotar uma nova forma de administrar a propriedade, levando em conta os cuidados com solo, água, áreas de mata nativa, práticas de manejo, destino do lixo e também as condições de trabalho das pessoas no meio rural.

Segundo André Luis Miguel, coordenador estadual do programa Agroecologia, do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-Paraná), a certificação tem como objetivo assegurar para o consumidor que as normas e os princípios foram seguidos na produção dos alimentos.

“É uma garantia de que aquele produto que tem em mãos seguiu toda a legislação, que não foram utilizados agrotóxicos ou insumos químicos na sua produção, que foi produzido preservando o meio ambiente, promovendo a biodiversidade e respeitando os direitos trabalhistas”, afirma.

O agricultor ganha com a certificação, pois tem acesso a novos mercados e seu produto é mais valorizado. No entanto, muitos ainda enfrentam dificuldades para obter a certificação de suas propriedades. Além das exigências da legislação, eles reclamam do custo do processo.

O Governo do Estado conta com um programa que apoia aqueles interessados em conseguir a certificação – o Paraná Mais Orgânico. É uma iniciativa da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), junto com o IDR-Paraná, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e universidades estaduais. O programa incentiva e facilita a regulamentação das propriedades, inclusive diminuindo os custos para os produtores. O Paraná Mais Orgânico é aberto à participação de todos os produtores.

CERTIFICAÇÕES – A certificação participativa está presente em 60% das propriedades com selo de produção orgânica no Paraná. Nesse modelo são formados os Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (Opac), que funcionam como certificadores. Os Opac são compostos pelos próprios agricultores, técnicos e consumidores.

Os agricultores visitam uns aos outros, podendo compartilhar ideias e conhecimento para resolver os problemas que surgem durante a produção. O compromisso entre os integrantes do grupo assegura a qualidade dos produtos, pois se algum deles cometer uma inconformidade severa, todos perdem a certificação. Esse fator aumenta o controle interno e a segurança da produção.

A Rede Ecovida é a principal certificadora desse modelo no Estado e o valor para os produtores fica entre R$ 500 e R$ 700 por ano. “Na certificação participativa você aprende muito porque a ação se estende a outros grupos e é possível conhecer a experiência de outros produtores, aprender com a vivência que ainda não se tem. A certificação participativa educa o produtor. A Rede Ecovida me ensinou a trabalhar”, declarou Adair Andrade de Souza, produtor orgânico desde 1992.

Ele afirma que o custo da certificação não é alto, diante do benefício para o agricultor. “Sem a certificação eu não poderia vender os produtos como orgânicos. E esse processo coloca a produção num outro nível”, acentuou. Andrade produz alho e outras hortaliças vendidos em três feiras de Curitiba, além de entregar para a alimentação escolar.

AUDITORIAS  Outro modelo de certificação à disposição dos produtores é o selo concedido via auditagem, feita por empresas contratadas, pelo Tecpar e os Núcleos de Agroecologia distribuídos pelo Estado (a Estação Agroecológica CPRA, em Curitiba; o IDR-Paraná de Ivaiporã e sete universidades estaduais), responsáveis pelas auditorias. Esse modelo corresponde a 40% das propriedades certificadas no Estado.

Além disso, há outras empresas, como o Instituto Biodinâmico (IBD) e o Ecocert, que fazem o mesmo trabalho. Nesse modelo, o produtor recebe a visita de profissionais que verificam se a propriedade está seguindo todos os preceitos da produção orgânica e indicam as adequações a serem feitas para que consiga a certificação. Os produtores também contam com a orientação dos extensionistas do IDR-Paraná para colocar em prática os fundamentos da agricultura orgânica.

Os agricultores atendidos pelo programa Paraná Mais Orgânico conseguem a certificação pelo Tecpar de forma gratuita. Mas, para outros produtores, o custo do processo feito por auditagem pode se situar entre R$ 1.500 e R$ 2.000 por ano.

Os valores variam de acordo com o tipo de produção (vegetal, animal ou agroindustrial), área cultivada e, principalmente, da necessidade de deslocamento do auditor. “É possível conseguir valores menores, até uns R$ 800 por ano, mas aí são grupos de produtores que dividem os custos das despesas com o auditor”, explicou André Luis Miguel.

Para o agricultor que deseja produzir orgânicos e vender em circuitos curtos (feiras, compras institucionais e venda direta ao consumidor), a melhor alternativa é participar de uma Organização de Controle Social (OCS). Nesse caso, o produtor não tem a certificação mas, por meio de um registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, consegue comprovar que segue os preceitos da produção orgânica.

APRENDIZADO – Na opinião de Paulo Lizarelli, coordenador do Núcleo Vale do Ivaí do Programa Paraná Mais Orgânico, a certificação ainda é um entrave para muitos produtores, não só pelos custos, mas porque exige uma mudança de atitude. “A partir do momento em que o agricultor decide trabalhar com a produção orgânica ele vai ter que aprender novas tecnologias, adequar equipamentos, adaptar a propriedade para atender a legislação, tem que saber quais produtos e insumos pode usar, terá que registrar todas as operações feitas na propriedade e apresentar documentos”, enumerou. “Nem sempre o agricultor domina esse conhecimento e é nesse ponto que o programa Paraná Mais Orgânico pode ajudar.”

Até receber o certificado de produtor orgânico, o agricultor passa por um processo longo e intenso, que não se restringe a eliminar o agrotóxico na propriedade. Lizarelli explica que será preciso comprovar o uso somente de produtos e insumos permitidos por lei. Adubos químicos sintéticos de alta solubilidade e transgênicos são proibidos na produção orgânica.

A área com agricultura orgânica deve ser isolada por barreiras para evitar a contaminação por agrotóxicos ou pólen de plantas transgênicas de outras propriedades. É preciso mudar o perfil da gestão da propriedade, ter um plano de manejo, determinando qual a área destinada à produção orgânica e que produtos serão cultivados. É necessário também ter um caderno de campo onde se anotam todas as operações feitas na propriedade como a aplicação de insumos (quantidade, data, custos), destino do lixo, e outras.

Se tiver irrigação, é preciso possuir a outorga da água, emitida pelo Instituto Água e Terra (IAT), documento que autoriza o uso de águas superficiais ou de poços. Os pequenos produtores podem conseguir a dispensa desse documento. Essa exigência vale também para a água usada na lavagem dos produtos.

Júlio Bittencourt, do IDR-Paraná de Curitiba, lembra, também, que nos sistemas orgânicos tudo está relacionado. “Solo, água, plantas, organismos e o que o agricultor realiza de práticas agrícolas interfere em todos esses elementos e fatores”, afirmou. Ele acrescenta que o confinamento de animais, por exemplo, não é permitido no modelo orgânico.

Áreas de pastagem devem ter árvores para fazer o sombreamento dos animais e, se o rebanho recebe ração, 80% do volume precisa ser orgânico e sem transgênicos. André Luis Miguel destacou, ainda, que para conseguir a certificação, o produtor deve observar questões sociais e trabalhistas, além de implementar ações de preservação dos recursos naturais.

IDEOLOGIA DO BEM – Cleber Cristiano Gasparin tem propriedade em Rio Branco do Sul, onde cultiva hortaliças no sistema orgânico desde 1999. Ele vende a produção em feiras e mercados e também entrega para empresas. Para o produtor, a certificação é fundamental no comércio. “O maior ganho é ficar livre dos agrotóxicos, tanto para nós produtores como para os consumidores. E isso não tem preço”, destacou o agricultor.

Gasparin afirmou que o processo para conseguir a certificação não foi complicado. “No começo foi difícil para a gente se adequar, você acha que não vai conseguir produzir e, no final das contas, você consegue”, disse Gasparin. “Uma das partes mais complicadas é a burocracia, fazer anotação no caderno de campo: o que plantou, o que colheu. É muita informação. Trabalha e anota tudo, o tempo todo”, completou.

Na opinião de Adair de Souza, os inúmeros encontros exigidos para a certificação participativa leva o produtor a se identificar com o que ele chama de “ideologia do bem”. “Trabalhamos todos os aspectos da produção, aprendemos a não separar o homem da terra, a produzir e deixar a propriedade em harmonia para as novas gerações, porque se o homem se separar da terra ele só causa destruição”, afirmou o produtor. (AEN)

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Agronegócio

Paraná deverá produzir 37,3 milhões de toneladas de grãos

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Relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento mostra que a estimativa de produção da safra de grãos 2018/2019 deve ser de 37,3 milhões de toneladas, 5% maior do que no ano passado e também superior à estimativa anterior, de 37,1 milhões. Na safra anterior, a produção foi de 35,4 milhões.

Neste período, a colheita do milho da primeira safra e da soja está praticamente encerrada, e confirmaram-se prejuízos em algumas culturas em decorrência do clima, com redução de 15% da produção de soja em comparação com o ano passado, e perdas no feijão.

Segundo o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, no entanto, há renovação do quadro, com ampliação das áreas de cultivo de verão/outono, crescimento de área no feijão de segunda e terceira safra e, de forma muito expressiva, do milho de segunda safra, que possibilita prever um ganho de quase 4 milhões de toneladas em relação ao ano passado. “Apesar dos prejuízos no ano passado na safrinha do milho, é importante que a gente esteja reestabelecendo o nível de produção”, disse.

A produção de milho na safra 2018/2019 deve superar 16 milhões de toneladas. A segunda safra, que está no campo, deve contribuir com aproximadamente 13 milhões de toneladas nesse total. Essa produção é 42% maior do que a safra anterior. “As condições climáticas atualmente encontram-se favoráveis para o desenvolvimento da cultura do milho e tudo tende a garantir boa produtividade”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra.

SOJA – A colheita da soja já está concluída. O relatório do Deral confirma uma queda de 17% com relação à produção estimada no início da safra, de 19,6 milhões de toneladas. Agora, a estimativa é de 16,2 milhões. Essa redução deve-se principalmente ao excesso de calor e à falta de chuva no início do ciclo. Embora o clima tenha causado impacto em todo o Estado, atingiu principalmente as regiões Oeste, Noroeste e Norte.

Quanto ao volume de produção, a cultura da soja registrou redução de 15% – de 19,2 milhões de toneladas na safra 2017/2018 para 16,2 milhões de toneladas na safra atual. A comercialização está em 44%, também inferior ao mesmo período do ano passado, quando atingiu 50%. Apesar da redução no Paraná, de maneira geral esta safra não foi significativamente afetada no Brasil, em razão dos bons resultados em outras regiões.

Nos preços, houve queda de aproximadamente 13% – o valor atual da saca de 60 kg, comercializada a R$ 66,85, cobre os custos de produção. Em 2018, o valor da saca era de R$ 76,00. Para o economista do Deral, Marcelo Garrido, o impasse comercial entre a China e os Estados Unidos, que já dura cerca de um ano, é um dos fatores de influência nos preços. “A demanda neste ano está menor, principalmente com a redução da compra da soja dos EUA pelo maior importador do mundo, a China. Isso favoreceu o Brasil”, diz. Além disso, a ocorrência da peste suína na China, que exigiu o abate de animais, diminuiu a compra de soja para produção de ração.

Com 44% da safra da soja comercializada, o cenário depende das variações do dólar, influenciadas diretamente pela política nacional; e da confirmação da safra americana, em maio. Uma possível alta do dólar pode gerar bons resultados para os exportadores, mas seu impacto no mercado interno ainda é incerto.

MILHO – O relatório do Deral mostra que a colheita da primeira safra de milho está praticamente concluída, e a segunda safra está totalmente plantada. A produção na safra 2018/2019 deve ser de 16,1 milhões de toneladas. Nesse total, a segunda safra deve contribuir com aproximadamente 13 milhões de toneladas. Isso representa uma recuperação no volume de produção após a quebra na safra 2017/2018, em decorrência dos fatores climáticos. Agora, a estimativa é 40% maior. A segunda safra de milho avança 6% em termos de área, atingindo 2,2 milhões de hectares, com o início da colheita em maio e atingindo seu ápice a partir de junho.

Os preços no mercado doméstico estão próximos de R$ 30,00, valor suficiente para remunerar o produtor e próximo aos preços praticados na safra anterior. No mercado internacional, os preços reduziram cerca de 10%, se comparados a abril de 2018.

O cenário brasileiro para a produção de milho é estável, com uma estimativa de produção superior a 90 milhões de toneladas. “Isso vai equilibrar a oferta e demanda do mercado como um todo, principalmente as cadeias de transformação e proteína, essencialmente suínos e aves. A tendência para as próximas semanas é de estabilidade no cenário”, explica o técnico do Deral, Edmar Gervásio. O milho de primeira safra está 51% comercializado.

TRIGO – O plantio do trigo começou na semana passada, e atingiu 4% nesta semana. O índice é positivo em relação ao ano passado, mas está abaixo da média, principalmente por influência do clima. Também foi registrada redução de área de 7% na comparação com a safra anterior. O recuo explica-se pelos preços, que ainda não animaram o produtor, mesmo estando acima dos custos de produção. “Outro fator de peso na decisão dos produtores é a dificuldade em conseguir sementes. Muitos terão que optar pela compra de sementes às quais não estão habituados, gerando mais um elemento de risco em uma safra com vários riscos inerentes à cultura, como o clima”, diz o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Hugo Winckler Godinho.

O plantio pode ser estendido até junho, deixando a cultura exposta às variações climáticas. Inicialmente, no entanto, a estimativa permanece em 3,3 milhões de toneladas. A comercialização atingiu 3%. “Esse índice é positivo, demonstra a agilidade dos moinhos em acertar alguns contratos antes do próprio plantio, para garantir seu abastecimento posteriormente”, acrescenta Godinho. O preço da saca de 60 kg está em R$ 46,50, superior ao mesmo período do ano passado, quando era de R$ 38,00.

FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – Com aumento de 8% na área plantada, o feijão de segunda safra passou de 213 mil hectares para aproximadamente 230 mil hectares. Estima-se um aumento de 55% na produção, que foi de 278 mil toneladas na safra 17/18 e deve atingir 429,4 mil toneladas na safra atual.

Depois dos problemas climáticos na primeira safra, que afetaram a qualidade do grão, agora a safra do feijão tem um bom andamento e condições climáticas favoráveis para a produtividade. Entre os principais produtores estão os núcleos de Ponta Grossa (31%), Pato Branco (21%), Guarapuava (13%) e Francisco Beltrão (12%). A colheita da segunda safra está em 7%, e 25% das lavouras a campo estão em fase de maturação.

Na última semana, a saca de 60 kg de feijão-preto era comercializada a R$ 129,00 e o feijão cores a R$ 246,00. “Por enquanto os preços estão satisfatórios e a expectativa é de que permaneçam estáveis”, diz o economista do Deral, Methodio Groxko. Em abril do ano passado, a saca de R$ 60 kg do feijão-preto era comercializada a R$ 103,94, e o feijão cores a R$ 90,22.

MANDIOCA – A produção de mandioca teve redução de 1%, atingindo 3,4 milhões de toneladas nesta safra. Embora a safra esteja em condições favoráveis e com boa produtividade, foi registrada queda no preço, segundo Groxko. De R$ 533,00 a tonelada em 2018, o valor caiu para aproximadamente R$ 300,00 em abril deste ano, próximo do custo de produção.

Essa queda nos preços vem sendo registrada ao longo dos últimos anos. Em 2018, por exemplo, essa cultura fechou o ano a R$ 478,00, e o valor era de R$ 552,00 em 2017. Neste período, as indústrias estão com grandes estoques de fécula. As boas condições da safra do Nordeste do país reduziram a demanda pelo produto paranaense.

Foto: Jonas Oliveira/Arquivo ANPr

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